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I - A guerra e os exércitos no século XVIII

O século XVIII foi o século da supremacia militar da Europa. As grandes potências não europeias, o Império Manchu na China, o Império Mogul na Índia e o Império Otomano, potência oriental apesar de parte do seu território e a sua capital, Constantinopla, se situarem na Europa, estavam já em declínio e não tinham capacidade para exercerem influência para além das suas fronteiras. As potências europeias, pelo contrário, tinham interesses nos outros continentes e esses interesses estavam em expansão. Aquelas que possuíam territórios para além das suas fronteiras eram as grandes potências - o Reino Unido, a França, a Espanha, a Rússia e a Áustria - e duas outras potências que, ao nível europeu, eram mais modestas: Portugal e a Holanda. Na Europa, existiam outras potências que não tinham  interesses a defender noutros continentes mas apresentavam um poder militar a ter em conta nos conflitos europeus: a Suécia e a Prússia.

O século XVIII foi um século de conflitos em que as potências europeias se confrontaram na Europa e nos outros continentes. A Grande Guerra do Norte (1700-1721), a Guerra da Sucessão de Espanha (1701-1714), a Guerra da Quadrupla Aliança (1718-1720), a Guerra da Sucessão Polaca (1733-1738), a Guerra Austro-Russo-Turca (1736-1739), a Guerra dos Sete Anos (1756-1763), a Guerra Russo-Turca (1768-1774), a Guerra da Sucessão da Áustria (1740-1748), a Guerra da Independência Americana (1775-1783), a Guerra da Sucessão da Baviera (1778-1779) e, por fim, as Guerras da Revolução Francesa, iniciadas em Agosto de 1792, são conflitos que envolveram essas potências e que, em alguns dos casos apresentados, se localizaram não só nos teatros de operações da Europa mas também nos territórios ultramarinos. Esta projecção para fora do espaço europeu, era feita, na generalidade das situações, através do mar. A Rússia e a Áustria, ao expandirem-se para territórios contíguos ou manterem os territórios que ocupavam em resultado dessa expansão, projectaram as suas forças por terra. A projecção das forças por mar implicou a utilização de marinhas cada vez mais fortes em confrontos navais. 

Neste século que, no campo militar, se iniciou ainda sob a influência de Gustavo Adolfo da Suécia (1594-1632), encontramos algumas figuras proeminentes da História Militar das quais daremos especial destaque a Frederico II da Prússia (1712-1786), conhecido como Frederico, o Grande, rei da Prússia desde 1740 até à data da sua morte. Frederico, o Grande, é a figura mais representativa da História Militar nos anos anteriores à Revolução Francesa, não só porque foi um «mestre da guerra limitada» [Showalter, 1996, p. 169], pela superior capacidade em manobrar as suas forças no campo de batalha, mas também pela influência que o exército prussiano da época teve nas outras forças militares europeias. Foi este modelo prussiano que o Conde de Lippe veio implementar no Exército Português, entre 1762 e 1768.

 

A natureza limitada da guerra

As guerras do século XVIII foram travadas com restrições de duas naturezas diferentes: restrições de natureza voluntária, produto da vontade dos governantes e dos chefes militares, e restrições involuntárias, resultantes das condições naturais. Nas primeiras encontramos as restrições de natureza política, social e ética. Nas segundas encontramos as restrições impostas pelo ambiente físico e pelos recursos disponíveis.

Restrições de natureza voluntária

Este tipo de restrições começaram por se manifestar a nível político: a acção dos governantes, com a finalidade de manter o "equilíbrio do poder" entre as Potências. Este não é um conceito recente. Pelo contrário, tomou forma no século XVII quando as potências europeias agiram para conter a França que procurava a hegemonia no Continente Europeu. O primeiro objectivo do equilíbrio do poder era impedir o domínio por parte de um Estado e preservar a ordem internacional; não pretendia impedir os conflitos mas limitá-los. Este conceito aparece já referido nos tratados da Paz de Utrecht (1713), que marcaram o fim da Guerra da Sucessão de Espanha, ou na obra de Emmer de Vattel, Le droit des gens; ou Principes de la loi naturelle, appliqués à la conduite et aux affaires des nations et des souverains, publicada em 1758. A aplicação deste princípio restringia a acção das potências porque estas ver-se-iam envolvidas num conflito com todas as outras que desejavam manter o equilíbrio na Europa. Kissinger dá-nos um exemplo: Frederico II da Prússia, ao pretender conquistar a Silésia, ponderou bem o obstáculo que encontraria na resistência das potências mais poderosas; não teve escrúpulos na tomada de decisão que foi a de avançar para a conquista mas considerou friamente as vantagens ou desvantagens de provocar uma reacção de outras potências. No entanto, no teatro de operações, a Ética e os costumes da guerra tinham um papel importante como factor limitador das acções militares. O século XVIII foi o século do Iluminismo, uma época “civilizada” em que o declínio da religião como factor motivador das forças, que conduz geralmente a atitudes extremistas, permitiu introduzir alguma humanidade na forma de fazer a guerra.

Por norma, o comportamento dos comandantes europeus no campo de batalha evidenciava uma grande preocupação com as demonstração de cortesia dispensadas ao seu adversário e com um comportamento mais contido e mais humano por parte da generalidade das tropas. No entanto, seria errado pensar que estas demonstrações eram apenas o resultado de transportar para o campo de batalha as deferências e a mentalidade instruída características da sociedade civil ou, por outro lado, que por si só, esses procedimentos evitavam as costumadas atrocidades que tinham caracterizado guerras anteriores, com o seu ponto alto na Guerra dos Trinta Anos (1618-1648). O que se constatou é que, em geral, tinha sido aceite a norma de seguir as leis e costumes relativos à guerra.

As mais antigas leis e muitos dos costumes da guerra, precedentes criados pela conduta adoptada durante os conflitos anteriores, tinham a sua origem na Idade Média, especialmente na influência que a Igreja Católica então fez sentir e, em certa medida, impôs nos conflitos entre Cristãos. Os textos medievais que impunham limitações à forma de fazer a guerra foram sendo trabalhados e actualizados. Por outro lado, os exércitos, à medida que adquiriam um carácter permanente, começaram a construir os seus próprios códigos que determinavam o que era permitido e não permitido na conduta da guerra. Muitos destes códigos baseavam-se nas normas já existentes e praticadas desde há muito. Este característica permitia dar continuidade às práticas anteriores pelo que podemos encontrar referências não apenas às leis e regulamentos em vigor mas, de uma forma mais geral, «aos costumes gerais e leis da guerra.» [Parker, 1994, p. 41] E o facto é que se aplicavam punições por infracções aos costumes da guerra mesmo que não explicitados em leis ou regulamentos.

No século XVIII, as forças militares em confronto nos teatros de operações europeus evidenciavam, em geral, um grande respeito pelos costumes da guerra, pelas normas a que deviam obedecer e por uma etiqueta e um protocolo que se tinha generalizado. Existiam razões de interesse pessoal para que a generalidade dos combatentes aceitasse este tipo de conduta. Todos tinham a ganhar com as restrições impostas. Tratar com benevolência os prisioneiros e os feridos, respeitar as tréguas, eram normas de um protocolo de conduta na guerra que permitia a cada parte ter uma expectativa sobre o comportamento dos seus adversários. Este comportamento conduzia cada uma das partes a uma atitude recíproca com nítidas vantagens para ambos os lados. O cerco a cidades constitui um bom exemplo desta forma de conduzir a guerra. A norma que se aplicava era a de apenas permitir saquear as cidades quando estas tinham de ser tomadas pela força. No caso de os sitiados se renderem, normalmente procediam-se a negociações e as suas vidas e bens eram respeitados. À medida que estas práticas se iam cimentando na conduta da guerra, o não-cumprimento de tais normas levava à viva reprovação da opinião pública e das próprias autoridades militares. Os militares que infringissem as regras eram confrontados com as sanções aplicadas por tribunais militares, tanto por crimes cometidos sobre os militares do campo adversário como pelos crimes cometidos sobre a população civil. A França, pioneira em escolas militares, abriu em 1751 a École Militaire de Paris onde, nos planos dos cursos constava uma disciplina de Direito da Guerra.

Estas normas eram universalmente aceites? Devemos distinguir duas situações: os confrontos entre os exércitos das potências europeias e os confrontos entre estas e forças não europeias, como acontecia nos territórios ultramarinos. No primeiro caso, a situação normal era a aceitação e prática dos costumes da guerra embora se tivessem verificado situações contrárias. Na Guerra da Sucessão da Áustria (1740-1748), por exemplo, os Russos foram alvo de críticas por parte dos outros soberanos, adversários ou não, pelo comportamento da cavalaria dos Cossacos que não agia de acordo com os costumes da guerra. Já no século XIX, durante a Guerra Peninsular (1807-1814), após a batalha de Albuera, Wellington enviou uma carta a Soult a protestar pelo comportamento dos lanceiros polacos que constituíam parte da cavalaria francesa, porque estes tinham procedido de forma incorrecta para com as tropas britânicas que se tinham rendido, atacando-os quando estas já tinham deposto as armas. Estamos a falar de confrontos entre exércitos dos Estados europeus. Se nos referirmos aos confrontos resultantes de insurreições, como por exemplo o caso da Irlanda, os costumes da guerra não eram a plicáveis a não ser em resultado do carácter mais benevolente dos chefes militares  que combatiam a revolta.

No segundo caso, em que o adversário era normalmente constituído por forças que não se organizavam, não combatiam, nem usavam as normas dos exércitos europeus, os costumes da guerra a que os exércitos europeus estavam vinculados eram normalmente esquecidos. Este foi o caso dos confrontos entre tropas europeias e povos nativos na Àsia, África ou América.  Nas colónias americanas, os Britânicos respeitavam os costumes da guerra nos confrontos que se verificaram com tropas francesas ou espanholas. Já não procederam da mesma forma perante os nativos americanos que, fruto de civilizações diferentes, não dispunham da organização, das mesmas armas ou das mesmas tácticas. Na Guerra da Independência dos Estados Unidos da América, George Washington defendeu a criação de um exército convencional, tão cedo quanto possível, devidamente disciplinado e instruído, apto a cumprir as estratégias estabelecidas pelo poder político. Com esta medida, não havia outra alternativa às forças britânicas senão agirem de acordo com os costumes da guerra, como era norma entre os Estados europeus, perante um exército que também se comportava de acordo com a tradição europeia. As repercussões desta decisão seriam, de acordo com Washington, propícias a que as restantes nações europeias reconhecessem a causa americana.

Restrições de natureza física

A guerra sempre foi limitada pela disponibilidade de recursos mas, no século XVIII, a utilização dos recursos de qualquer natureza foi mais parcimoniosa do que em qualquer outra época histórica. Ao falarmos de recursos, referimo-nos aos recursos humanos, aos recursos materiais e financeiros e às infra-estruturas. A guerra obriga a fazer a gestão cuidadosa destes recursos. Comecemos por analisar os recursos humanos.

Os recursos humanos a que nos referimos são os oficiais e as praças (soldados e, na época, sargentos). A classe de oficiais era recrutada maioritariamente entre a nobreza. No entanto, a própria nobreza tinha as suas hierarquias que impunham limitações à possibilidade de acesso aos cargos mais elevados. A ideia de um paralelismo entre a hierarquia militar e a hierarquia social era uma realidade mas o sistema não era absolutamente rígido. John Churchill, Duque de Marlborough (1650-1722), figura de referência na História Militar do início do século XVIII, era oriundo de uma família obscura e empobrecida da pequena nobreza britânica. Em nenhum país existia uma proibição absoluta de um “comum”, isto é, um “não-nobre”, ascender a um posto de oficial. Esta ascensão sucedia em Inglaterra e, em especial, na Áustria. Estes oficiais, quando mostravam excepcionais qualidades conseguiam atingir cargos elevados na hierarquia militar.

No período que estamos a tratar, a maioria dos soldados eram recrutados em sistema de voluntariado mas os frequentes períodos de guerra obrigaram a utilizar também os sistemas de conscrição. A generalidade dos soldados tinham origem numa população que pertencia a sociedades maioritariamente agrícolas e, assim, compreende-se que a incorporação forçada de parte da população que trabalhava a terra, na época em que se iniciam os trabalhos nos campos, punha em causa a produção do ano e a economia do Estado que levantava o exército. Um exército demasiado grande implicava maiores quantidades de abastecimentos quando tinha retirado do seu trabalho maior número daqueles que produziam os alimentos indispensáveis ao exército e à sociedade em geral. Uma parte dos soldados eram recrutados entre os marginais das sociedades. Marginalizados, encontravam no serviço militar uma forma de vida. Um exército de voluntários, de menores dimensões do que os exércitos que existiram em épocas anteriores, era o que consumia menos recursos e prejudicava menos a economia. A necessidade de não retirar mão-de-obra ao sistema produtivo obrigava a recrutar mercenários. Eram recrutados individualmente ou por unidades já formadas. Durante o reinado de Frederico, o Grande, uma parte substancial do seu exército de campanha era formado por mercenários. Estes não reenchiam apenas os lugares dos postos mais baixos. Um sexto dos generais prussianos, no período entre 1740 e 1763, eram estrangeiros. A Polónia, o Sul da Alemanha, a França e a Itália eram fontes abundantes de recrutamento para o exército prussiano.

Os soldados do século XVIII tornaram-se, cada vez mais, profissionais. Reflectimo-nos aos exércitos permanentes, os que se mantinham em tempo de paz. A situação de guerra obrigava a recorrer aos conscritos e o que podemos observar é que as forças colocadas no campo de batalha eram cada vez mais numerosas. Peter Browning apresenta uma tabela que nos mostra a evolução da dimensão dos principais exércitos europeus da qual transcrevemos os dados referentes à Prússia: em 1714, dispunha de um exército de 46.000 homens, em 1740 eram 77.000, em 1756 eram 137.000 e em 1789 eram 195.000. Os outros exércitos sofreram uma evolução idêntica [Browning, 1987, p. 12].

Em regra, durante o Inverno, entre Outubro e Maio, os exércitos permaneciam inactivos em quartéis. A Primavera é a época do ano em que a erva começa a crescer e a grande quantidade de cavalos que os exércitos necessitavam (oficiais superiores, unidades de cavalaria e de artilharia) podiam pastar nos campos abertos. Desta forma, a campanha ficava limitada a cinco meses por ano e, mesmo assim, os exércitos moviam-se tão pesadamente que se tornava difícil obrigar a combater um inimigo que não o desejasse fazer. Quando, por fim, as forças se encontravam no campo de batalha, era comum perder mais de um terço dos homens nas primeiras horas de combate. Duas ou três batalhas deixavam o conjunto de veteranos fortemente esgotado. Eles tinham de ser substituídos por recrutas sem o treino necessário para os movimentos de ordem fechada que a táctica da época requeria. As tácticas utilizadas por Frederico II assentavam fundamentalmente na manobra. As longas linhas de infantaria deviam manobrar com precisão a fim de manterem o dispositivo. Para isto ser possível, era necessário transformar aqueles marginais ou os camponeses arrancados às suas terras em soldados disciplinados, que utilizassem eficazmente o seu armamento e mantivessem a coesão durante  os movimentos das longas formações de infantaria. Para conseguir isto, o soldado era submetido a um treino longo e intensivo. Era, portanto, um soldado difícil de substituir.

Estes dados mostram-nos que a guerra se tornou limitada, não pela dimensão das forças mas pela utilização que delas era feita. Qualquer das grandes potências europeias tinha a possibilidade de levantar exércitos mais numerosos mas, para alimentar esses exércitos, era necessário dispor dos recursos adequados.

Os problemas de natureza logística impunham grandes limitações. No entanto, estas limitações eram também consequência dos objectivos políticos. A guerra era vista como uma questão pessoal entre soberanos. Era, frequentemente, uma luta entre as casas reinantes dos Estados europeus. Se um soberano tinha um motivo para obter uma reparação de danos que entendia ter sofrido e iniciava uma guerra com um Estado vizinho, enviava um exército que invadia o território adversário e esse exército vivia à custa desse território até ser expulso ou o adversário ceder às suas exigências. Se havia a intenção de ocupar permanentemente o território invadido, eram tomados os cuidados necessários para preservar o sistema produtivo do território. Caso contrário, seria feita a sua exploração de uma forma impiedosa. Em qualquer dos casos, a força atacante estabeleceria depósitos para abastecer o seu exército no avanço inicial. Em território inimigo, o exército invasor seleccionava um local adequado, com boas condições de defesa, situado perto de uma boa estrada ou de um rio, onde montava um acampamento entrincheirado. A partir dali, estabelecia-se um método para obter abastecimentos e dinheiro do território ocupado, numa área tão extensa quanto possível. Os habitantes eram avisados das represálias que seriam executadas no caso de não colaborarem e os abastecimentos e o dinheiro eram, assim, obtidos por uma combinação de persuasão e força. O exército permanecia num determinado lugar até os recursos da região estarem esgotados e o primeiro recurso a faltar era, normalmente a forragem para os cavalos.

Este tipo de estratégia funcionava bem se os exércitos a alimentar não fossem demasiado grandes mas, mesmo assim, podia falhar em situações que obrigassem a permanecer no mesmo local mais tempo do que os recursos podiam permitir. Era o caso, por exemplo, dos cercos a cidades, que podiam ser demorados se os sitiados estivessem na disposição de levar a defesa até às últimas consequências e tivessem recursos suficientes para se manterem num cerco prolongado. Para ilustrar esta situação, Martin van Creveld recorre ao cerco de Olmütz, uma cidade da Morávia, na actual República Checa. Em 1758, no decorrer da Guerra dos Sete Anos, Frederico II da Prússia tinha posto cerco à cidade de Olmütz. Ao fim de sete semanas,  Frederico II foi obrigado a levantar o cerco porque, não podendo abastecer o seu exército apenas com os recursos da região, necessitava dos abastecimentos que tinham sido enviados da Prússia mas foram interceptados pelos Austríacos. Tratava-se de um comboio de abastecimentos formado por cerca de 3.000 carros. Ainda nesse ano, quando voltou a cercar a cidade, Frederico II foi obrigado a destacar numerosas forças – chegou a formar um destacamento de 30.000 homens – para escoltar os comboios de abastecimento. Este exemplo dá-nos uma ideia das dificuldades em movimentar os exércitos e mantê-los abastecidos. Essas dificuldades aumentavam à medida que os exércitos cresciam.

Os abastecimentos a que nos referimos eram, na sua maior parte, a alimentação e a forragem. A quantidade de abastecimentos que um exército normalmente transportava consigo não excedia os dez por cento das necessidades. As limitações da tecnologia da época e da rede de estradas existente não permitiam o transporte de maiores quantidades de abastecimentos. Por esta razão e também por uma questão económica, os exércitos alimentavam-se, tanto quanto possível, do território que ocupavam. Mas as necessidades dos exércitos englobam outros abastecimentos para além da alimentação ou da forragem: equipamentos, armas e, principalmente, munições. Havia então necessidade de fazer chegar mais munições às tropas ao fim de alguns dias de campanha? Socorrendo-nos novamente da obra de Martin van Creveld que nos diz que até à Guerra Franco-Prussiana (1870-1871) o consumo de munições não era de molde a causar problemas de ordem logística e os exércitos transportavam consigo as munições necessárias para uma campanha de duração normal. Durante os cercos, a situação não era tão simples e exigia, em regra, um reabastecimento de munições, especialmente de artilharia. Frederico II, que utilizava intensamente a sua artilharia, normalmente transportava 180 munições por boca de fogo e estas chegavam para toda a campanha, excepto quando ocorriam alguns cercos mais demorados. Sendo assim, o abastecimento de munições não foi um factor importante no planeamento e conduta das operações.

Os abastecimentos acima descritos são caros, assim como os recursos necessários para os transportar. As infraestruturas necessárias – estradas, fortalezas, depósitos de abastecimentos – são igualmente caras. Os recursos financeiros também não eram abundantes o que obrigava a ponderar cuidadosamente a sua aplicação em aventuras militares. Perante a inevitabilidade da guerra, ponderava-se a forma mais económica de a fazer. No fim da Guerra dos Sete Anos, a Prússia encontrava-se à beira da bancarrota. O exemplo seguinte mostra a necessidade de dispor de recursos elevados para sustentar uma guerra. Juntamente com as munições, era necessária a pólvora. Para a Prússia de Frederico II isto podia ser um problema grave. No decorrer da Guerra dos Sete Anos, o Exército da Prússia gastou mais de 37.000 toneladas de pólvora. Sendo a sua produção anual à volta de 226 toneladas, teve de importar o que faltava da Holanda e da Grã-Bretanha com grave prejuízo para as finanças do reino. Também para manter os recursos humanos era necessário dispor de recursos financeiros avultados. Se os Estados dispunham de receitas suficientes para manter exércitos de tempo de paz relativamente numerosos, já o mesmo não sucedia em tempo de guerra. Os exércitos de tempo de paz custavam na Baviera um terço das receitas do Estado, metade das receitas na Áustria e três quartos na Prússia. Estes números podem parecer alarmantes mas naquela época o Estado não gastava o dinheiro em muitas actividades para além da defesa pois não existiam da sua parte as responsabilidades que hoje se estendem pela educação, saúde e apoio social.

 

A táctica até Frederico II da Prússia

As tácticas desenvolvidas no século XVIII estavam de acordo com os objectivos que o poder político estabelecia para a aplicação das forças militares. Não era importante destruir o inimigo mas apenas obter uma posição que permitisse negociar de forma vantajosa o fim das hostilidades. Com este procedimento, eram consumidos menos recursos e os exércitos eram, tanto quanto possível, preservados.

No início do século XVIII a infantaria estava armada com mosquete “de pederneira” com sabre-baioneta que veio substituir o mosquete equipado com o mecanismo “de caçoleta”. Aquela arma era mais eficaz porque permitia efectuar o fogo com maior precisão, obter maior alcance e duplicar a cadência de tiro. A mesma arma permitia utilizar com eficácia o fogo (espingarda) e o choque (baioneta) e, desta forma, deixara de ser necessário coordenar elementos independentes de fogo e choque. Esta uniformidade das tropas de infantaria e a necessidade de tirar o máximo partido do seu poder de fogo conduziram à adopção de dispositivos longos no sentido da frente e estreitos no sentido da profundidade. Estes dispositivos desenvolviam-se em duas ou três linhas separadas de 300 metros. A cavalaria, que formava corpos com elevado poder de choque, era colocada nas alas. A artilharia era colocada à frente da primeira linha ou em pontos dominantes das proximidades. 

Dispor dispositivos desta natureza no terreno, prontos a iniciar o combate, era uma tarefa complexa e demorada. O início do confronto era caracterizado pelo emprego do fogo, primeiro da artilharia, que batia toda a frente do inimigo, depois dos mosquetes, mas era necessário recorrer ao choque para obter um resultado decisivo. Assim, às descargas da artilharia e dos mosquetes seguia-se um combate corpo-a-corpo. Quando uma das linhas cedia e se desorganizava, o adversário utilizava a cavalaria para explorar a oportunidade que um ponto fraco do inimigo lhe oferecia. Tratava-se de um combate entre duas forças dispostas em frentes longas (ordem linear) paralelas que agiam frontalmente. Apenas se verificavam algumas tentativas de manobra nas alas, que a cavalaria inimiga e a dificuldade em movimentar forças com estes dispositivos impediam, normalmente, de obter resultados decisivos.

O último dos grandes conflitos anteriores à Revolução Francesa foi a Guerra dos Sete Anos (1756-1763). Ao participar neste conflito, Frederico II da Prússia utilizou uma força de características idênticas às que acima foram descritas, da qual tirou o máximo rendimento través de um treino intenso, uma disciplina férrea e alguns aperfeiçoamentos técnicos que lhe conferiram, em especial, maior mobilidade de fogos. Gustavo Adolfo da Suécia (1594-1632) tinha estabelecido uma clara distinção entre artilharia de cerco e artilharia de campanha, adoptando para esta última bocas de fogo mais ligeiras que as de qualquer outro país europeu. Com este implemento técnico alterou a táctica ligando os fogos da artilharia à manobra da infantaria. Frederico II da Prússia também introduziu alterações técnicas na artilharia e novas tácticas.

 

O exército de Frederico II da Prússia

O conceito de “artilharia a cavalo” foi introduzido por Frederico II da Prússia. Tratava-se de artilharia ligeira montada em reparos puxados a cavalo, com carros de munições e todos os elementos da guarnição igualmente montados a cavalo. Na artilharia de campanha, por norma mais pesada que a artilharia a cavalo, só os carros que transportavam as munições e o reparo da boca de fogo eram puxados a cavalo. Este novo tipo de artilharia dispunha, portanto, de uma mobilidade muito superior, o que lhe conferia duas vantagens: por um lado podia acompanhar facilmente a cavalaria e, por outro lado, possibilitava concentrar rapidamente fogos de artilharia num determinado ponto. Convém lembrar que naquela época o tiro de artilharia era quase todo tiro directo, ou seja, o alvo deveria estar à vista. Assim, para que essa condição se mantivesse durante o movimento das tropas de infantaria ou de cavalaria, era necessário movimentar continuamente a artilharia entre posições de tiro sucessivas. As bocas de fogo utilizadas na artilharia a cavalo eram, normalmente, peças de 4 ou 6 libras. 

RevfrancesaII

Frederico II rompeu com os procedimentos em uso na primeira metade do século XVIII, a acção em ordem paralela. Para isso, utilizou a artilharia concentrada sob seu comando e utilizou-a, não para bater toda a frente mas para enfraquecer um ponto escolhido do dispositivo inimigo onde iria concentrar as suas forças de infantaria. A mobilidade superior da artilharia a cavalo conferia grande flexibilidade na escolha dos pontos onde os fogos deviam ser concentrados e quando ou para onde deviam ser mudados. Mas, para tirar o máximo partido das possibilidades criadas pela rápida concentração de fogos num ponto do dispositivo inimigo, era necessário que a infantaria estivesse apta a movimentar-se rapidamente com a finalidade de obter um potencial de combate superior no ponto onde pretendia alcançar a decisão da batalha. Com um treino intenso e uma disciplina férrea, Frederico II conseguiu manobrar por forma a concentrar a acção da infantaria, primeiro pelo fogo e depois pelo choque, conjugada com as cargas de cavalaria, num ponto do dispositivo do adversário, normalmente uma ala. Se o adversário tinha fraca capacidade de manobra, esta acção conduzia, geralmente, a resultados decisivos. A Batalha de Leuthen (5 de Dezembro de 1757) constitui um bom exemplo da forma como Frederico II manobrava. No entanto, perante um adversário com sentido de oportunidade, expunha-se a um ataque de flanco durante o período crítico da execução da manobra, tal como aconteceu ao exército franco-austríaco na Batalha de Rossbach (5 de Novembro de 1757). A cavalaria de Frederico II tinha neste tipo de actuação um papel determinante. Estava organizada para dois tipos de missões distintas: reconhecimento e choque. Armados de sabre, constituíam um elemento decisivo sobre o ponto do dispositivo inimigo onde se pretendia obter a decisão.

 

Alterações na organização e na táctica

O século XVIII foi um século de transição. As instituições militares sofreram grandes transformações. A ordem linear praticada pela infantaria de linha atingiu o seu máximo expoente, Desenvolveram-se  as escolas militares e os estados-maiores, a artilharia foi aperfeiçoada e foi utilização de forma mais intensiva, organizaram-se com carácter permanente os primeiros corpos de tropas ligeiras. Esta evolução não foi uniforme em todos os Estados, tal como qualquer outra evolução, seja ela social, económica ou institucional.  

As escolas militares e o estado-maior

O estado-maior é o grupo de militares que auxiliam o comandante na obtenção e análise dos elementos necessários à tomada de decisão e, após esta, na elaboração das directivas, planos e ordens e na supervisão da sua execução.  Durante o século XVIII, o comando ainda era muito personalizado e, por isso, tudo estava muito dependente da competência do comandante da força; não existiam militares especialmente treinados para guarnecer e desempenhar as funções de um estado-maior como o que encontraremos nos exércitos napoleónicos; manteve-se a concentração dos assuntos referentes a informações e operações na figura do comandante. Este apenas era assistido por um secretário, que normalmente nem era um militar, e por um conselho de guerra formado pelos seus comandantes  dos escalões mais elevados. Existia, no entanto, um “quartel-mestre” que superintendia nos assuntos da logística.

Com a preocupação de treinar os futuros oficiais, apareceram no século XVIII a maior parte das escolas militares. As que então existiam eram destinadas a preparar oficiais para a artilharia e a engenharia mas, em França, já tinham sido criadas escolas militares com a finalidade de formar oficiais de infantaria e de cavalaria. A École Royale Militaire de Paris que funcionou entre 1751 e 1788, serviu de modelo aos Austríacos que, em 1752, fundaram a Academia de Viena. Frederico, o Grande, insistia que a guerra não podia continuar a ser tratada com base em improvisações mas, pelo contrário, exigia uma base teórica para a sua compreensão. Esta foi uma época em que o ensino se tornou uma preocupação crescente da sociedade. A Prússia criou as suas escolas militares onde se desenvolveram e aperfeiçoaram as técnicas de estado-maior. Este modelo foi seguido, no início do século XIX, pelas principais potências. A Royal Military Academy Sandhurst, no Reino Unido, a United States Military Academy at West Point, nos Estados Unidos da América, e a École Spéciale Militaire de Saint-Cyr, em França, nasceram em 1802, seguindo o modelo  prussiano da segunda metade do século XVIII.

Organização e formações tácticas

Na segunda metade do século XVIII, a França, derrotada na Guerra dos Sete Anos, iniciou um período de reformas do seu exército. Estas reformas tiveram, em grande parte, origem numa obra intitulada Essai tactique générale, publicada em 1772 por Jacques Antoine Hippolyte, conde de Guibert (1743-1790). Esta obra preconizava um novo sistema militar para a França. O primeiro conceito a realçar do sistema proposto por Guibert era que «uma guerra futura deverá ser travada não só com base no exército permanente mas também com as forças de toda a Nação.» Este sistema, a Nação em armas preconizava a conscrição geral, o que daria origem a exércitos muito grandes. A sobrevivência deste tipo de exércitos, sem arruinar o Tesouro, teria de ser garantida por um modelo logístico diferente. «A guerra devia ser feita para alimentar a guerra», isto é, os objectivos a atingir na guerra deveriam prever a conquista dos recursos necessários à manutenção dos sistemas militares.  Este novo tipo de exército, apoiado na mobilização e no vigor patriótico da Nação implicava uma reforma política que só surgiria com a Revolução Francesa.

Para este tipo de exército era necessário encontrar os meios de subsistência adequados e movimentar essa grande massa de homens e equipamentos. Para resolver este problema, Guibert propôs a criação de formações independentes que se movimentavam por itinerários diferentes. Esta não era uma ideia nova pois, já durante a Guerra da Sucessão da Áustria, Hermann Moritz da Saxónia (1696-1750) tinha criado as légions que eram corpos formados por tropas de infantaria, cavalaria e artilharia. Em 1755, foi publicada postumamente a sua obra Mes Rêveries em que expunha as suas ideias sobre a organização militar. Mais tarde, durante a Guerra dos Sete Anos, o marechal Victor-François, 2º duque de Broglie (1718-1804), procurou uma organização das forças que permitisse obter maior autonomia logística e táctica, ou seja, uma organização que permitisse facilmente dispersar para viver e reunir para combater. Foram criadas unidades que combinavam as forças de manobra (infantaria e cavalaria) e de apoio de fogos (artilharia), de engenharia e dos serviços necessários à sua sobrevivência quando isolada. Eram unidades com capacidade de operar de forma independente. Este era o princípio “divisionário”.

Broglie não se limitou a organizar o seu exército em divisões. Para que o objectivo desta organização divisionária fosse efectivamente atingido, isto é, para que as suas divisões se movimentassem mais facilmente para envolver ou tornear as forças inimigas, para se concentrarem num determinado ponto em tempo oportuno, era necessário adoptar formações que permitissem esses movimentos rápidos. Os deslocamentos dos exércitos de Broglie deslocavam-se em colunas cerradas,  independentes uma das outras, reunindo-se no ponto em que se previa a sua aplicação, onde a infantaria formaria as linhas de combate, menos flexíveis. Este sistema permitia movimentar o exército em blocos mais manejáveis, entrar em combate mais rapidamente e com uma combinação de forças mais adequada aos objectivos a atingir.

A Artilharia

A artilharia francesa do final do século XVIII passou por uma reforma que a transformou na melhor artilharia da época. No início do século, a artilharia passou a estar integrada no esquema geral da batalha, isto é, passou a ser movimentada por forma a influenciar o resultado da batalha. A criação da artilharia a cavalo por Frederico II da Prússia permitiu criar uma reserva de artilharia móvel que reforçou a tendência anterior. Esta utilização mais intensiva da artilharia, a importância crescente do apoio de fogos no esquema geral da manobra exigia materiais mais eficazes e mais fáceis de movimentar.

Em 1776, em França, foi nomeado Inspector Chefe da Artilharia o Tenente-general Jean-Baptiste de Vaquette Gribeauval (1715-1789), que revolucionou a artilharia francesa. Os melhoramentos da responsabilidade de Gribeauval foram de duas ordens. Em primeiro lugar, foi definido que tipo de bocas de fogo eram necessárias para apoiar as unidades de manobra (infantaria e cavalaria) e como deviam estar organizadas as unidades de artilharia. Definidos os tipos de armas necessárias para um determinado emprego táctico, era necessário produzir as melhores armas e assessórios para esse propósito. Assim, em segundo lugar, foi montado um sistema que permitisse, por novos processos metalúrgicos, produzir armas mais ligeiras mantendo os calibres e não perdendo alcance, o que permitiria maior mobilidade. A maior uniformidade das peças permitia a fácil intermutabilidade das peças. Na Guerra da Independência Americana, a partir de 1780, as forças francesas em apoio dos revoltosos empregaram artilharia de cerco já fabricada segundo os novos sistemas. A artilharia de campanha foi intensamente utilizada nas Guerras da Revolução Francesa. Nas Guerras Napoleónicas, a artilharia foi uma arma decisiva. Gribeauval, na qualidade de Inspector Chefe da Artilharia, foi responsável pelo treino dos oficiais de artilharia e, entre estes, encontrava-se Napoleão Buonaparte.

Infantaria e cavalaria ligeiras

O núcleo fundamental dos exércitos da época que estamos a analisar era a infantaria de linha. Esta era treinada em ordem cerrada, com formações lineares, normalmente com três fileiras de profundidade. Os mosquetes eram utilizados para executar descargas com maior ênfase na cadência de tiro do que na precisão. A iniciativa por parte de cada militar era suprimida a favor da execução de movimentos rígidos, executados à ordem. Se o adversário utilizava os mesmos tipos de formações, tudo funcionava da forma esperada. Durante a Guerra da Sucessão da Áustria (1740-1748), o Império dos Habsburgos mobilizou tropas da Hungria, Croácia e Roménia que eram normalmente utilizadas em missões de vigilância das fronteiras e na defesa local. Tratavam-se de tropas que eram incapazes de combater em formações cerradas, lineares, que dependiam de um intenso treino e de uma disciplina  muito exigente. No entanto, eles desempenharam um papel valioso ao desenvolverem o que se chamou a petite guerre, a parte do conflito que se desenrolava em redor dos exércitos e que consistia em postos avançados, acções de reconhecimento, emboscadas, golpes-de-mão e escaramuças. A experiência nas guerras no continente americano também contribuíram para convencer as potências europeias do valor destes combatentes.

O papel desempenhado por este tipo de tropas atraiu a atenção dos militares e estudiosos da guerra ao longo do século XVIII. Começaram a ser constituídas unidades de tropas ligeiras, de infantaria e de cavalaria, que actuavam em missões do tipo acima descrito e também em terrenos montanhosos, densamente arborizados, divididos com muros ou até urbanizados. Formaram as unidades de chasseurs, os tirailleurs, os voltigeurs ou de Jägers, frequentemente organizadas em légions ou Jägerskorps formados por infantaria ligeira, cavalaria ligeira, normalmente dragões, e alguma artilharia da mais móvel. Pelo final do século, Sir John Moore começou a organizar este tipo de infantaria num corpo que daria origem à Divisão Ligeira bem conhecida durante a Guerra Peninsular e onde se integraram as unidades de “caçadores” portuguesas. Os soldados destas unidades eram treinados para combaterem isoladamente e não como parte de uma formação cerrada. Os exércitos da Revolução Francesa utilizaram abundantemente este tipo de tropas.

 

Conclusão

As Guerras da Revolução Francesa, na forma como se organizaram os seus exércitos, nos armamentos utilizados, nas tácticas aplicadas, espelham esta evolução. Tal como aconteceu com a evolução política, social ou económica, também a evolução militar se processou a ritmos diferentes no espaço europeu. Não houve praticamente nada nos exércitos da Revolução Francesa que não tivesse sido pensado e desenvolvido ao longo do século XVIII. No entanto, estes exércitos defrontaram-se com outros exércitos europeus que seguiram rumos diferentes. Por exemplo, a força expedicionária britânica na Península Ibérica, já durante as Guerras Napoleónicas, só adoptou o sistema divisionário em 1809. Os exércitos que vamos encontrar durante as Guerras da Revolução Francesa tinham, portanto, características diferentes, mais inovadoras ou mais conservadoras. Como veremos, a inovação, por si só, não garante o sucesso.

 

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